sexta-feira, dezembro 10, 2004

Algarve

Lembram-me os olhos,
faiscantes de tão quentes,
mas já me escapa a forma
exacta do seu rosto.
Das mãos fixei-lhe os dedos
finos e trementes,
embora fosse Algarve,
embora fosse Agosto.

Depois desapareceu,
feliz de não ter história
- primeira condição de ser feliz -,
deixando-me gravada
a um canto da memória
esta dor que nos dói,
mas não se diz.

("Destino do Mar", 1991)

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Aonteceu a qualquer de nós, não? Mas tu soubeste pô-lo em poesia como ninguém.

L.M.

12:17 da tarde  

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