Solidão
Rua de São Paulo / Foto TL, 2008
Espreita a rua cinzenta através da vidraça
embaciada como o seu olhar
e apenas vê na gente que passa
o alheamento próprio do lugar
de exílio com que a vida
lhe quis marcar o fim da corrida.
Sofre de solidão e ninguém sabe
das noites que preenchem os seus dias
nem da dor que não lhe cabe
no peito e torna sombrias
as horas da sua lenta espera
de outra impossível primavera.
embaciada como o seu olhar
e apenas vê na gente que passa
o alheamento próprio do lugar
de exílio com que a vida
lhe quis marcar o fim da corrida.
Sofre de solidão e ninguém sabe
das noites que preenchem os seus dias
nem da dor que não lhe cabe
no peito e torna sombrias
as horas da sua lenta espera
de outra impossível primavera.
9 Comments:
Prezado Amigo e Poeta
Adorei ler este poema, que retrata de forma muito subtil mas não menos dolorosa a solidão na velhice, e a falta de novos horizontes para quem da vida já nada espera, senão o fim.
Parabéns, está magistral.
O poema não precisa de ser longo, nem hermético ou esotérico, ao ponto de não ter ritmo nem sonoridade. A rima dá-lhe graça e aprofunda o sentimento de pertença para quem o lê.
Você é verdadeiramente um poeta que merece o meu sincero aplauso. Pena é que não me sobre o tempo necessário para acompanhar o seu blog com a constância que merece.
Um abraço com votos de um ano de 2010 com muita saúde, e já agora na sedutora companhia das musas.
Vilhena Mesquita
Caro Prof. Vilhena Mesquita,
Obrigado pelo visita e pelas generosas palavras.
Também lhe desejo um 2010 muito feliz, nesse nosso sempre presente Algarve.
Bem haja!
Belo e triste.
Quando a só solidão é a companhia possível, uma nova Primavera é impossível.
Um abraço
Inspirado num caso real, que estou a seguir, caro JRD.
Outro abraço.
:)
Caro Torquato
Todos os poemas merecem ficar recolhidos em livro. São tão heterogéneos quanto cativantes.
Um abraço
Caro João,
O teu Jornal, de que sou leitor diário, está cada vez melhor.
Um forte abraço também.
Tão a propósito da notícia que ouvi há dois dias e que me chocou profundamente Caro Poeta .. a morte de tantos idosos em Lisboa em apenas doze horas.
Morrer de solidão e abandono.
Que coisa tão miserável e que crime tão imputável às famílias que certamente existem ..
Beijinho
Lamentável situação, cada vez mais frequente, Catarina.
Outro beijinho.
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