segunda-feira, dezembro 20, 2004

Navios

Houve navios no mar da nossa infância.
Eram barquinhos de cartão
sem qualquer importância.
Mas agora à distância
olha como eles são:
paquetes a cortar a imensidão.

Não me digas palavras que recordem
os largos oceanos.
Ficaram para trás, são a desordem
de um passado de enganos.

Tanta coisa perdida, tanta que ficou
naufragada com os barcos de cartão.
Mas as praias de que sou
são as mesmas de então.

("Destino do Mar", 1991)

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Lindo! Adorei.

Maria

5:40 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Caro Torquato, serão mesmo desordem de um passado de enganos? Não serão antes nostalgias doces que recordamos e que pensamos como poderia ter sido se... E não nos podemos esquecer, que a verdade de hoje coabita com esses possíveis enganos de então. Se assim não fosse esta verdade seria, certemente, diferente. Gostei sinceramente, mas vamos lá levantar a moral, ou o astral como agora está na moda... Abbraccio. Paolo.

11:33 da manhã  
Blogger Torquato da Luz said...

Muito obrigado pelas tuas palavras, Paolo. Outro abraço!

2:51 da tarde  

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