Medo
Digo que tenho medo
e, no entanto, sigo.
Acusador, um dedo
põe-me em guerra comigo.
Fujo do que me chama,
o que me quer recuso.
Nada do que possuo é meu na cama
de que é meu só o uso.
É por dentro de mim que à desfilada
correm cavalos loucos de secura.
Noite que não acorda a madrugada,
desvendo-me à procura
de mim mesmo - ou de nada.
("A Porta da Europa", 1978)
e, no entanto, sigo.
Acusador, um dedo
põe-me em guerra comigo.
Fujo do que me chama,
o que me quer recuso.
Nada do que possuo é meu na cama
de que é meu só o uso.
É por dentro de mim que à desfilada
correm cavalos loucos de secura.
Noite que não acorda a madrugada,
desvendo-me à procura
de mim mesmo - ou de nada.
("A Porta da Europa", 1978)
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