Espelho
Esquecido de quem fora, frente ao espelho,
não vi mais o meu rosto, mas o teu.
Eras um rio, talvez o mar, a superfície
límpida e transparente de uma água antiga
que os deuses inventaram, cegos de te ver.
Já te guardei o nome, já o soube,
já o fixei na pedra sobre a qual pensava
que assentaria o meu crepúsculo.
Mas vieram o vento, a chuva, o sol,
os elementos todos,
e apagaram as letras do desenho.
Restam-me o espelho e o rosto
que ele devolve no lugar do meu,
insensível ao desgosto
de não sermos o mesmo, tu e eu.
(2006)
2 Comments:
Muito belo poema, embora algo triste tendo-me deixado um sentimento de desencanto ...
Um beijo
Um beijo também, Pink.
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