terça-feira, julho 04, 2006

Espelho










Esquecido de quem fora, frente ao espelho,
não vi mais o meu rosto, mas o teu.
Eras um rio, talvez o mar, a superfície
límpida e transparente de uma água antiga
que os deuses inventaram, cegos de te ver.

Já te guardei o nome, já o soube,
já o fixei na pedra sobre a qual pensava
que assentaria o meu crepúsculo.
Mas vieram o vento, a chuva, o sol,
os elementos todos,
e apagaram as letras do desenho.

Restam-me o espelho e o rosto
que ele devolve no lugar do meu,
insensível ao desgosto
de não sermos o mesmo, tu e eu.

(2006)

2 Comments:

Blogger Pink said...

Muito belo poema, embora algo triste tendo-me deixado um sentimento de desencanto ...

Um beijo

12:19 da manhã  
Blogger Torquato da Luz said...

Um beijo também, Pink.

8:54 da manhã  

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