Cilada/cidade
Direi flor, floresta, planta,
direi mar de quem comigo
sente prender-lhe a garganta
o nó daquilo que eu digo.
Direi jardim, pátio, poço,
direi cisterna de quem
me estende o peito, o pescoço,
para que os diga também.
De ti direi
chaminé do navio do meu corpo,
ave do mar que não sei
se pousada em qualquer porto
que jamais atingirei.
Direi secura, se curo
da sede que sob a pele
me segue o sangue inseguro,
quando me debruço dele.
Direi casa, quadra, canto,
direi cilada, cidade:
palavras feitas do espanto
da própria incomodidade.
("Lucro Lírico", 1973)
direi mar de quem comigo
sente prender-lhe a garganta
o nó daquilo que eu digo.
Direi jardim, pátio, poço,
direi cisterna de quem
me estende o peito, o pescoço,
para que os diga também.
De ti direi
chaminé do navio do meu corpo,
ave do mar que não sei
se pousada em qualquer porto
que jamais atingirei.
Direi secura, se curo
da sede que sob a pele
me segue o sangue inseguro,
quando me debruço dele.
Direi casa, quadra, canto,
direi cilada, cidade:
palavras feitas do espanto
da própria incomodidade.
("Lucro Lírico", 1973)
3 Comments:
Belo poema de amor!
Ah, impressionante a musicalidade deste poema.Alguém que soubesse compor poderia transformá-lo numa canção. E seria uma bela canção.
Abraços e Boas Festas.
Silvia Chueire
Obrigado, Eugênia. O melhor para você em 2005!
Enviar um comentário
<< Home