segunda-feira, dezembro 27, 2004

O ano de 1978

Só guardarei deste ano os nomes próprios:
o Rui Belo, o Nemésio, o Jorge de Sena.
O resto não me importa,
não entra no meu poema.

Só guardarei deste ano esses três nomes,
de uma luz impossível, cegadora.
O resto foi a fome,
o deserto, a penhora.

Só guardarei deste ano a farta herança
de futuro, que eles são.
A grande esperança
que me dão.

O resto é acidente,
o resto é nada,
minha pátria doente,
minha pátria adiada.

("Destino do Mar", 1991)

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Vim dar ao seu blog através do Pátria d'Água. Não conhecia a sua belíssima poesia. Vale a pena navegar neste emaranhado de blogs para descobrir poesia tão bela como a sua. Parabéns!

Paula Melo

6:17 da tarde  
Blogger Torquato da Luz said...

Muito obrigado pelas suas palavras. Feliz 2005!

8:21 da tarde  

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