segunda-feira, janeiro 31, 2005

Ternura

Ver-te e dizer
canção, país, abrigo
e, depois das palavras esgotadas,
apenas estar contigo
e não querer mais nada.

Correr de mãos abertas
a tua pele nua, viajar
pelas ruas longuíssimas, desertas
do teu corpo, cidade circular.

Beber-te a madrugada que, da boca
jorrando, me incendeia de loucura
e não temer que a vida seja pouca
para morrer de ternura.

("Lucro Lírico", 1973)