domingo, agosto 28, 2005

Deslumbramento

Deslumbram-me as palavras,
a sua frágil consistência, o ar humilde
que aparentam quando encaram
a minha impertinência.

Uso-as como quem percorre
a casa, a sala, o quarto de vestir.
Somos amigos desde sempre, não existe
entre nós qualquer reserva.

Por vezes, uma ou outra
rebela-se e avança como se
me julgasse alheado
da sua imanente dignidade.

Nada disso, porém, anula o pacto
que muito cedo firmámos,
mútuos escravos que somos.

(2005)

7 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Interessante. Muito interessante mesmo. Gostei. Parabéns! Vou voltar.

9:48 da tarde  
Blogger addiragram said...

Porque não dar voz à rebeldia das palavras?
Muito bem comunicada a tensão existente entre o poeta e a sua escrita.

9:57 da tarde  
Blogger Menina Marota said...

Um soneto deslumbrante... de palavras serenas, que se conjungam entre si...
Gostei.

;)

11:57 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

temos aqui um poeta nato. parabéns
amcosta.blogs.sapo.pt

12:24 da tarde  
Blogger Torquato da Luz said...

Abraços e obrigado pelas vossas palavras.

5:36 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Cada vez mais me revejo nestes poemas, que me deslumbram.Fazem parte de mim e do que sou.Mj

1:34 da tarde  
Blogger Torquato da Luz said...

Um bj muito grande!

6:45 da tarde  

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