Cilada cidade
Tejo com Lisboa ao fundo
Direi flor floresta planta
direi mar de quem comigo
sente prender-lhe a garganta
o nó daquilo que digo.
direi mar de quem comigo
sente prender-lhe a garganta
o nó daquilo que digo.
Direi jardim pátio poço
direi cisterna de quem
me estende o peito o pescoço
para que os diga também.
direi cisterna de quem
me estende o peito o pescoço
para que os diga também.
De ti direi
chaminé do navio do meu corpo
ave do mar que não sei
se pousada em qualquer porto
que jamais atingirei.
chaminé do navio do meu corpo
ave do mar que não sei
se pousada em qualquer porto
que jamais atingirei.
Direi secura se curo
da sede que sob a pele
me segue o sangue inseguro
quando me debruço dele.
da sede que sob a pele
me segue o sangue inseguro
quando me debruço dele.
Direi casa quadra canto
direi cilada cidade:
palavras feitas no espanto
da própria incomodidade.
direi cilada cidade:
palavras feitas no espanto
da própria incomodidade.
("Lucro Lírico", 1973, rev.)
6 Comments:
Direi, se me permite, da beleza cristalina desta escrita.
Gratidão
Bem-haja
Mel
Bem haja também, cara Mel!
Que bom cair numa cilada assim.
Abraço
Outro, amigo João!
direi
( apenas )
SAUDADE
( muito belo )
.
um beijo
Um beijo também e bom fim-de-semana, querida Gabriela!
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