Há palavras
À vela no Tejo
Há palavras com pássaros por dentro,
onde é difícil circular:
têm patas e asas, muitas penas.
É a medo que invento
a força de lhes pegar
com as minhas mãos pequenas.
Há palavras sulcadas de navios,
onde é difícil viajar:
faltam bandeiras e velas.
É por entre calafrios
que me lanço a navegar
no mar eriçado delas.
Há palavras panóplias de mil armas,
pistolas velhas e espadas.
Meu prazer é desarmá-las
ante as tias alarmadas.
Há palavras quais facas espanholas,
brilham no gume afiado,
navalhas de ponta e mola
para o destino aprazado.
Mas destas disse-me a escola
que lhes passasse de lado.
("A Porta da Europa", 1978, rev.)
onde é difícil circular:
têm patas e asas, muitas penas.
É a medo que invento
a força de lhes pegar
com as minhas mãos pequenas.
Há palavras sulcadas de navios,
onde é difícil viajar:
faltam bandeiras e velas.
É por entre calafrios
que me lanço a navegar
no mar eriçado delas.
Há palavras panóplias de mil armas,
pistolas velhas e espadas.
Meu prazer é desarmá-las
ante as tias alarmadas.
Há palavras quais facas espanholas,
brilham no gume afiado,
navalhas de ponta e mola
para o destino aprazado.
Mas destas disse-me a escola
que lhes passasse de lado.
("A Porta da Europa", 1978, rev.)
9 Comments:
Tens razão poeta. Há palavras que devemos enfrentar e outras que o melhor mesmo é ignorar.
Abraço
É isso mesmo, amigo João!
Abraço também.
que poema belo e inteligente Torquato!
... e sempre a amante Lisboa e seu eterno companheiro Tejo como "pano de fundo" :) gosto, gosto muito!
beijo.
Outro beijo, minha amiga!
Maravilhoso este poema !
Abraço.
É a tua amizade, caro Tibério...
Abraço também.
Um belíssimo poema!!!
um grande beijinho
Beijo grande também, cara Margarida!
este teu mês de Março foi prodigioso em beleza poética, aqui, neta tua casa.
beijo Torquato, gosto dos teus silenciosos passos lá pelo meu canto.
obrigada.
bom fim de semana.
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