segunda-feira, agosto 28, 2006

De longe










Acrílico sobre tela
Torquato da Luz, 2006

Atravessamos a noite como quem de súbito
adivinha a manhã por entre risos e mãos dadas.
Tu tens o ar de uma vestal que se evadiu do paraíso
ou talvez de um quadro roubado ao Louvre
e eu perco-me nas ruas que confluem nos teus olhos,
certo de que nada de mal nos pode acontecer.

Nós viemos de longe, de onde o tempo se esqueceu
de quem somos, de quem fomos, e apenas
temos por nossas as palavras que nos servem
de alibi para o futuro que inventámos.
Nada nos move que não seja a líquida
superfície das coisas, a ambição que torna
verosímil a vida, se bem que injusta.

(2006)

2 Comments:

Blogger MaD said...

Gostaria de comentar mais amiúde, mas as minhas limitações nestes temas são um obstáculo.
Posso, no entanto, afirmar que, quer a componente pictórica quer a poética, me dizem muito e não as dispenso por nada. Fazem-me entrar em mim próprio.
Saudações de quem pisou os mesmos caminhos na juventude, lá pelas bandas de Faro.

9:06 da manhã  
Blogger Torquato da Luz said...

Saudações algarvias, MaD, e um abraço. Sou "cliente" habitual e gosto muito do Parente da Refóias.

1:49 da tarde  

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