quarta-feira, agosto 23, 2006

Prazo de validade









"Maternidade"
Almada Negreiros, 1935

Era tudo mais fácil se a maternidade
nos fixasse um prazo de validade.

A gente nascia, sim senhor,
quisesse ou não quisesse,
mas, por favor,
devia haver alguém que nos dissesse
de qualquer maneira
até quando durava a brincadeira.

Assim não vale, é tudo incerto,
nunca se sabe
o tempo que nos cabe
para vencer o deserto.

Era tudo mais fácil se a maternidade
nos fixasse um prazo de validade.

(2006)

3 Comments:

Blogger Memória transparente said...

Bonito óleo do Almada Negreiros, agradavel trabalho poético que recaiu sobre ele.

2:39 da tarde  
Blogger Torquato da Luz said...

Um beijo, Maria do Céu.

6:34 da tarde  
Blogger RPM said...

Meu amigo, Torquato, Bom Dia!

Com este pequeno e bonito poema, acha então agradável saber o dia, a hora, o local do fim da viagem terrena?

Mas a grandeza e a beleza da nossa vida por este Planeta Azul está na luta diária para sobrevivermos o maior tempo possível....

A minha avó paterna, ainda viva mas com Parkinson, dizia-me que a nossa vida aqui é como uma viagem de autocarro. Quando este parar para saírmos, esse é o nosso dia...será que vai ao encontro do seu último poema!!!

Um abraço grande de amizade

RPM

ah! retirei uns poemas seus para enviar aos meus amigos....desculpe o 'roubo'....

abraço e obrigado

RPM

11:31 da manhã  

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