quinta-feira, fevereiro 24, 2005

A casa

A casa dos meus avós era à beira da estrada.
Quando a tarde caía, nós ficávamos à porta,
aspirando o ar fresco
que vinha dos lados da ribeira em frente.

Minha avó, que era muito bonita,
trazia sempre na cabeça o rasto de uma estrela
que caíra na noite anterior
e meu avô, que fora militar,
contava histórias da tropa com a alegria imensa
de quem estava a vivê-las de novo.

De vez em quando alguém passava e dizia boa tarde.
Minha avó respondia,
mas sempre duvidei de que, além de mim,
alguém mais visse o rasto da estrela
que ela trazia sempre na cabeça.

(2005)

5 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Muito bonito.
Mágico.
Um beijo
Maria B.

4:23 da tarde  
Blogger mariagomes said...

é mesmo mágico.
li-me neste poema!

um abraço
maria

8:25 da tarde  
Blogger hfm said...

encantatoriamente belo!

1:53 da tarde  
Blogger peciscas said...

Que boa surpresa esta de encontar um blogue do Torquato da Luz, poeta que comecei a conhecer nos "tempos da velha senhora".
O Torquato, também de outras escritas, nas páginas dos jornais.
Aqui vim também recordar a "Nova Realidade" do Carlos Loures, responsável pela edição de coisas quase clandestinas mas que ficaram para a história. Como, por exemplo, uma colectânea de "coisas" do Zeca.
E ainda bem que neste blogue, ao contrário de muitos outros de gente importante da nossa praça ( e, para quem não saiba, o Torquato é importante a sério)se podem deixar comentários.
È evidente que virei cá mais vezes.
Um abraço!

7:07 da tarde  
Blogger Torquato da Luz said...

Abraços e bom fim-de-semana para todos!

10:46 da tarde  

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