sexta-feira, fevereiro 04, 2005

Esperança

Angústia tem um nome: é um navio
e junto à chaminé de todas a mais alta
os meus braços erguidos contra o frio
com que me vai doer a tua falta.

Angústia tem um nome: é este cais
da nossa raiva inútil e antiga.
É a faca do medo do não mais,
a navalha enterrada na barriga.

Por isso falo e só por isso digo
as palavras que inventam a lembrança
da festa, meu amor, de estar contigo.
E faço do meu frio a minha esperança.

("Lucro Lírico", 1973)

2 Comments:

Blogger Pink said...

Poema de angústia, de esperança, de amor. Bem concebido e com uma imagística muito rica e bela! Um beijo e bom fim de semana.

12:01 da manhã  
Blogger Torquato da Luz said...

Outro beijo e bom fim de semana também!

10:29 da manhã  

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