sexta-feira, julho 20, 2007

O mercador de búzios









Armação de Pêra
Foto TL

O mercador de búzios pouco saberá de búzios
e menos ainda de mercado,
mas conhece perfeitamente
a forma como as pessoas pegam nos búzios,
os acariciam e os encostam ao ouvido,
julgando escutar neles o bramido do mar.

Os búzios não são, bem vistas as coisas,
artigos de consumo necessário,
só os compra quem quer e sobretudo quem pode,
mas é notório que o mercador de búzios
se diverte com o facto de muita gente
não resistir ao seu apelo.

Os búzios atraem mais do que as bolas-de-berlim,
confessou-me ele uma manhã destas,
quando, entre dois mergulhos, me acolhia à sombra
do toldo que, como é costume,
me foi reservado na praia da infância.

E eu, que já não acredito em muita coisa,
dei por mim a crer sem hesitações
no mercador de búzios,
não só porque os prefiro às bolas-de-berlim
mas principalmente porque sei de ciência certa
que ele não passa de um sábio disfarçado
de mercador de búzios.

13 Comments:

Blogger A.Teixeira said...

Seja bem regressado, Torquato, com um poema sobre um mercador de búzios que lhe assenta como uma luva!

Os búzios, claro, são os poemas que aqui compartilha connosco...

10:53 da tarde  
Blogger Joana Roque Lino said...

Olá :)

Fiquei muito contente com o seu regresso. Eu desconfio que o vendedor de búzios era um sábio :). Beijinhos e bom fim de semana.

11:28 da tarde  
Blogger Torquato da Luz said...

Caro António Teixeira:
Estes búzios-poemas, infelizmente, perdem no confronto com os búzios-búzios do mercador...
Um forte abraço, com votos de que o Herdeiro de Aécio continue a ensinar-me novas coisas todos os dias.

Querida Joana:
Não apenas um sábio, também um mago... Mas onde acaba um e começa o outro?
Beijinhos e bom fim de semana também.

12:50 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Ainda bem que já voltou!

Mas sempre foi um fascínio, em Armação de Pera, passar pelo mercador de búzios. Todos os dias, à ida para casa, sempre lá parava e fera ele que ensinava os meus filhos, pondo-lhes os búzios no ouvido, a ouvirem o mar. Dizia que era diferente de búzio para búzio.
O companheiro sempre um pouco impaciente.

Ainda será o mesmo?

9:07 da tarde  
Blogger Mar Arável said...

Que sabemos nós da vida - a não ser a que vivemos - e nos dizem

11:39 da tarde  
Blogger Torquato da Luz said...

Caríssima Marta:
O mercador de búzios tem o dom da eternidade, sabia?

Caro E. Filipe:
Cá por mim, não sei nada de nada, nunca soube...

2:11 da tarde  
Blogger irneh said...

Muito bonito o teu poema. Também gostei das tuas telas.

Bom domingo

2:52 da tarde  
Blogger Fatyly said...

Mais um belo poema e ainda hoje conservo um búzio bem grande da minha terra... porque quando o escuto... é tão bom sonhar:)))

Beijos

6:18 da tarde  
Blogger Susana Barbosa said...

Sensibilidade e sabedoria... belíssimas as tuas palavras, belos os búzios!
Bjs

3:04 da manhã  
Blogger Torquato da Luz said...

Caras Irneh, Fatyly e Susana:
Bem hajam pelas vossas palavras amigas.
Bjs.

8:50 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Foi uma visita breve.
Voltarei mais vezes, porque me surpreendeu "O mercador de búzios".
Até breve.

12:34 da manhã  
Blogger Torquato da Luz said...

Obrigado pela visita e volte sempre, cara "Um Ar De...".

9:37 da manhã  
Blogger Ângelo Ferreira said...

um lugar da minha memória. quando tudo era simples
era belo.
a felicidade está nesses lugares. que são como um mar que corre dentro de nós. cheio de peixes coloridos. de sons difusos. cantos.
e há sempre os fins de tarde na praia.
café. o sol que doura a pele. o bronze de que sobressaem sorrisos.
um abraço.

5:32 da tarde  

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