Dúvidas
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Se eu não tivesse dúvidas, não era
humano, mas de outra espécie qualquer.
Assim, tenho-as e muitas. Quem me dera
poder afastá-las e conhecer
o íntimo das coisas, a razão
última de elas serem como são.
As dúvidas são minhas e comigo
habitam, mas há muito ultrapassaram
a minha altura. Agora nem consigo
acompanhá-las, grandes que ficaram.
Ainda se a par delas eu tivesse
uma ou outra certeza, mas nem isso.
E quase tudo agora me parece
vazio, obscuro e talvez ao serviço
de causas que a minha alma desconhece.
É no entanto às dúvidas que tenho
que vou buscar a força e o engenho
para seguir em frente e não temer
as certezas que tanta gente em volta,
de uma forma que às vezes me revolta,
pretende que eu também devia ter.
5 Comments:
Pois é Poeta, as dùvidas são boas companheiras e vêm sempre que as convocamos.
Um abraço
Lindo poema, Torquato.
Abraço.
Abraços também, caros JRD e Tibério.
Muito bem!
:)))
Obrigado, cara Mdsol!
:)))
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