Ainda as palavras
Há palavras com pássaros por dentro,
onde é difícil circular:
têm patas e asas, muitas penas.
É a medo que invento
a força de lhes pegar
com as minhas mãos pequenas.
Há palavras sulcadas de navios,
onde é difícil viajar:
faltam bandeiras e velas.
É por entre calafrios
que me lanço a navegar
no mar eriçado delas.
Há palavras panóplias de mil armas,
pistolas velhas e espadas.
Meu prazer é desarmá-las
ante as tias alarmadas.
Há palavras quais facas espanholas,
brilham no gume afiado,
navalhas de ponta e mola
para o destino aprazado.
Mas destas disse-me a escola
que lhes passasse de lado.
("A Porta da Europa", 1978)
onde é difícil circular:
têm patas e asas, muitas penas.
É a medo que invento
a força de lhes pegar
com as minhas mãos pequenas.
Há palavras sulcadas de navios,
onde é difícil viajar:
faltam bandeiras e velas.
É por entre calafrios
que me lanço a navegar
no mar eriçado delas.
Há palavras panóplias de mil armas,
pistolas velhas e espadas.
Meu prazer é desarmá-las
ante as tias alarmadas.
Há palavras quais facas espanholas,
brilham no gume afiado,
navalhas de ponta e mola
para o destino aprazado.
Mas destas disse-me a escola
que lhes passasse de lado.
("A Porta da Europa", 1978)
9 Comments:
Caro Torquato, que se passa com a sua página do geocities? Não nos diga que acabou com o site...
http://borboleta-do-cio.blogdrive.com
O site desapareceu, é verdade. Mas não fui eu que lhe pus fim. Foi alguém que se julga com direito a dispor a seu bel-prazer da obra literária alheia...
Pois é, Laura. Dizem que não há bruxas, "pero que las hay, las hay"... e são vingativas.
Beijinhos para ti também.
Não percebi muito bem.
Se o seu site desapareceu por intervenção de uma terceira pessoa (se bem entendi) é porque foi um acto malicioso em seu prejuízo. Não é possível apagar um site assim, com um estalar de dedos. Ou foi alguém de sua confiança que tinha as chaves do alojamento ou, não sendo de sua confiança, esse alguém, deliberadamente, se apropriou das ditas chaves e você não teve os cuidados devidos. De qualquer forma, você pode sempre alterar as passwords e tornar a alojar o site.
Por outro lado, se essa pessoa anda a usar a sua poesia em proveito próprio, por que razão o Torquato não denuncia a questão à SPA?
Acautele-se. Um beijo
Obrigado, Eva.
Não há qualquer apropriação da minha poesia. Era só o que faltava.
Acontece que a pessoa que tratava do site (eu não percebo nada disso...) o apagou, como se o respectivo conteúdo fosse obra sua (!), e não me deu as chaves. Só isso.
Um beijo também.
Ah!!!! Bizarro, o que lhe aconteceu.
Bizarro e elucidativo do espírito mesquinho de certa gente, cara Eva.
É que acho simplesmente brilhante "Contra todas as loas/ eis a verdade prática/ os poetas são as pessoas / que mais sabem de matemática." (Desculpe se não está correcto) Aqui no blogue não está este poema, pois não? No site estava; é pena...
http://borboleta-do-cio.blogdrive.com
Um dia destes, vou "postar" aqui essa quadra. Um abraço.
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