Os velhos
Acrílico sobre tela/Torquato da Luz, 2004
Os velhos camponeses de que fala Virgílio
semeavam e plantavam,
sabendo embora que não iriam colher.
Hoje sentam-se nos muros,
nos bancos de jardim, à soleira da porta,
desfiando contas de um rosário perdido.
Alguns falam da guerra onde estiveram,
tempo de angústia e sofrimento,
que entretanto se tornou saudade.
Ou, jogando às cartas,
tropeçam no deve e haver
do papel pardo das suas vidas.
Todos carregando o peso
de não saber porquê e para quê.
(2006)
4 Comments:
Muito bonito, embora amargo.
Uns "não iriam colher" porque a sua esperança de vida era reduzida e, tal como Catão retratou a vida rural, também pouco valiam.
Hoje a esperança de vida é maior e eles perguntam-se: para quê? Para a gastarem à espera no banco de jardim?
Bj,
Outro bj, Fátima, e bom fim-de-semana!
Um acrílico que transmite em cores a esperança que o poema liberta.
Beijinhos.
Beijinhos também, Maria do Céu. "A direcção do voo" continua excelente, parabéns!
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