Ainda a casa
Escadinhas do Ferragial (Lisboa)/Foto TL
Ainda existe a casa, ainda está
de pé o velho muro do quintal
e ainda nas vidraças, bem ou mal,
espreitam cortinas das que já não há.
Ainda a trepadeira da fachada
tenta atingir a altura do telhado
e ainda há-de pairar por todo o lado
aquele cheiro de antes, quando nada
mudara ainda e eu te sabia à espera
de mim, contando as horas e os dias,
como quem aguardasse a primavera.
Mas agora há na porta um cadeado
para guardar nas divisões vazias
o inverno que ali ficou fechado.
12 Comments:
É bom regressar e continuar a lê-lo, Torquato. Um abraço.
Obrigado, Ricardo. Outro abraço.
Aqui, deste lugar, gostei muito de olhar a fotografia e o poema condiz com o romance que tenho em mãos: "Amor em tempo de cólera". Um beijinho.
Boa leitura, Margarida. Um beijinho também.
Uma delícia, Torquato!
As casas fechadas abrem as memórias que guardamos. Muito bonito.
Grato pelas vossas palavras, Toy e Isabel.
Caros Toy (António Baeta) e Isabel Isolano:
Desapareceram daqui (e trata-se de um mistério, visto que não vejo qualquer explicação para o facto) os vossos comentários e a minha resposta.
De qualquer modo, renovo o meu agradecimento
Experiência
Muito grato, Toy e Isabel.
Tive uma experiência dessas e tem razão, porque enquanto houver cadeado o inverno é capaz de ficar contido; mas a "minha casa" foi abaixo, então o inverno espalhou-se por todo o meu mundo
beijinho
Muito bonito o seu poema. Aliás gosto dos teus escritos. Grata por dividí-los conosco!
Ladyce
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