Sina
Acrílico sobre tela/Torquato da Luz, 2004
Podíamos ir, de baraço ao pescoço, até Madrid,
mas nem Espanha já nos quer, tem problemas que cheguem.
Resta-nos, portanto, andar por aí,
sem a esperança sequer de que outros nos peguem.
O rei Sebastião entrou pelo nevoeiro,
com os seus imberbes vinte e quatro anos,
e a Europa, que foi o derradeiro
porto dos nossos desenganos,
quer pontapear-nos o traseiro.
Terão valido a pena Ourique, o Bojador,
o Cabo das Tormentas?
Tudo, afinal, ficou aquém da dor,
entre nuvens cinzentas.
Nem Maio nem Abril (que bem me lembro!)
nos libertam da sina de Novembro.
(2006)
4 Comments:
Poema crítico muito bem concebido. A pintura deu o mote ou foi o inverso?
Um beijo
Bem! Estou um pouco aturdida, há muito que não lia um poema tão incisivo sem perder, contudo, a estética.
Bjinho e lá vai mais um! Qualquer dia zanga-se....
Pink:
A ordem dos factores é arbitrária, claro.
Um beijo também.
Fátima:
Era só o que faltava, eu zangar-me...
Outro bjinho.
Beijinhos também, Laura.
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