A memória da casa
A memória da casa acompanha-me, é uma sombra
caminhando a meu lado em silêncio circunspecto.
A velha amiga tem corredores
povoados de portas e quadros dos avós
de que ninguém decerto lembra já os nomes.
Eu sigo leve, frágil e aturdido,
de quarto em quarto,
mergulhando em arcas sobre arcas,
que escondem figos secos,
vestidos longamente roídos pela traça,
um ou outro brinquedo de madeira.
Na sala de jantar há um piano antigo
a desfazer-se aos poucos de saudade
dos tempos em que o afagavam
entre o chá de tília e os sonhos.
Quando a insónia e o desânimo
se insinuam na noite e me convidam
para o seu labirinto,
é a memória da casa que me traz,
claríssima, a manhã em que renasço.
(2005)
caminhando a meu lado em silêncio circunspecto.
A velha amiga tem corredores
povoados de portas e quadros dos avós
de que ninguém decerto lembra já os nomes.
Eu sigo leve, frágil e aturdido,
de quarto em quarto,
mergulhando em arcas sobre arcas,
que escondem figos secos,
vestidos longamente roídos pela traça,
um ou outro brinquedo de madeira.
Na sala de jantar há um piano antigo
a desfazer-se aos poucos de saudade
dos tempos em que o afagavam
entre o chá de tília e os sonhos.
Quando a insónia e o desânimo
se insinuam na noite e me convidam
para o seu labirinto,
é a memória da casa que me traz,
claríssima, a manhã em que renasço.
(2005)
2 Comments:
Belo. Bom fim de semana.
É com a CASA nos alicerces da memória que a casa se sustenta... Obrigada.
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