Fantasmas
Acrílico sobre tela/Torquato da Luz, 2003
Simples sombras de outras sombras,
eles tomaram de empréstimo
o corpo esquálido, os farrapos que vestem.
Caminham lentamente pelas ruas,
perdidos de si mesmos, de quem foram,
ou agitam os braços, apontando
um lugar de estacionamento,
na mira de moedas para a dose diária.
Vêem-se um pouco por toda a cidade,
entristecendo a paisagem
com o seu ar de quem fugiu de tudo,
inclusive da esperança.
Afastamos os olhos e tentamos
apagar essas sombras de outras sombras.
Mas, rumando a nenhures,
os fantasmas insistem em toldar-nos
a placidez dos dias.
(2006)
6 Comments:
Notável.Ainda ontem à noite tive uma assombração dessas -- e elas toldam-nos, realmente.Gostei muito, insisto.
Um abraço e obrigado, Ricardo.
hoje apetece-me comentar!!!
BONITO!
Ao poema e à obra plástica...
abraço de amizade
RPM
PS: usarei para mandar aos meus amigos....Obrigado!
Oxalá os seus amigos também gostem, Rui Pedro. Um abraço.
Muito bonito e dolorosamente real.
Bjinho.
Fátima:
O fim de tarde de ontem, na FNAC, foi muito bonito. Gostei de te conhecer passoalmente, gostei do que disseste e vou, certamente, gostar também do livro.
Continuaremos a encontrar-nos por aqui, no nosso comum ofício diário.
Bjinhos.
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