domingo, janeiro 27, 2013

Crédito

Acrílico sobre tela
No deve & haver da existência,
por mais longa que seja a caminhada,
sempre terei a crédito a adolescência
que um dia me foi roubada.

segunda-feira, janeiro 21, 2013

Contra a rotina

Cais do Sodré
Nada pior que o rotineiro
correr dos dias iguais,
em que parece
que um íntimo nevoeiro
nos domina até não mais
e entorpece.

O melhor, ao acordar,
é não saber de agenda nem programa
e ficar na cama,
que é afinal o lugar
mais indicado a quem ama.

Depois, pela tarde fora,
visto que a manhã já era
e nem deu pela demora,
importa tão-só a espera
do que a noite há-de trazer,
quando vier.

E quem disser o contrário
chegou fora do horário.

segunda-feira, janeiro 14, 2013

Sem regresso

Rua da Prata
Tomou na vida o autocarro errado
e em vez de sair na primeira paragem
continuou a viagem
para nenhum lado.

Perdeu-se do passado que não teve
e do futuro que não tem,
mero episódio de novela breve
que não acaba bem.

E um fumo pesado e espesso
diz-lhe que não há regresso.

terça-feira, janeiro 08, 2013

Sempre tu

Tejo meu
Mil vezes te achei e outras mil te perdi
para te achar de novo.
De cada vez que nos deixamos
recomeça a busca
por quem tome o teu lugar.
No entanto és sempre tu que voltas
e me embebedas dessa quietude
como não há mais.

quarta-feira, janeiro 02, 2013

De volta

Díptico / Acrílico sobre tela
Chamam-lhe novo, mas não interessa
o que lhe chamam, quando é certo
que cada ano diz somente a pressa
de pôr a descoberto
que nada recomeça.

Se, inevitável, o dia
de amanhã será igual ao de hoje,
qualquer coisa nos foge
ou é excesso de poesia.