sexta-feira, setembro 29, 2006

Olhar











Acrílico sobre tela.
Torquato da Luz, 2004

Não posso desistir do teu olhar
nem sei maneira de o ignorar.

Quando a vida anoitece
e já parece
que só nos resta o túnel da tristeza
por vezes acontece
uma lâmpada acesa.

Não quero desistir do teu olhar
nem o vou ignorar.

(2006)

segunda-feira, setembro 18, 2006



Encerrado

para (mais) férias

. Reabre em Outubro, se não for antes

sábado, setembro 16, 2006

Praça das Flores








Praça das Flores, Lisboa.
Foto TL, esta tarde.

Apesar de suspeito (por ser esta
há muito tempo a minha aldeia),
afirmo sem receio de contradita,
grande ou pequena,
que bastaria a Praça das Flores
para Lisboa valer a pena.

(2006)

quarta-feira, setembro 13, 2006

Dúvida






Acrílico sobre tela
(pormenor)
Torquato da Luz, 2002

A dúvida é a única certeza:
nada é seguro, tudo é vago e incerto.
Nem sempre a natureza
favorece o clima
que gera oásis no deserto.
Gostava de crer acima
de qualquer hesitação
ou egoísmo,
mas não me é possível, não,
esconder o cepticismo.

Só não vacila quem crê
apenas no que vê.

(2006)

domingo, setembro 10, 2006

Não ligues














Foto TL, Lisboa, 2006

Não te deixes envolver pela medíocre
mesquinhez dos dias,
feita de invejas e vinganças.
Poucas coisas têm relevo
para nos preocupar.

Olha em redor as árvores, as aves
escrevendo a natureza.
Repara como corre vagaroso o rio
rumo ao desconhecido, afinal o mar,
sem curar de saber
se são as margens que o limitam
ou é ele que as desenha.

Não te aflijas, não te importes,
não ligues.

(2006)

quarta-feira, setembro 06, 2006

De menos










Foto TL, Lisboa, esta manhã

O que fica por dizer
é sempre mais do que se diz.
Ninguém há-de ser feliz
se não souber
que só disse metade
do que tinha na vontade.

O que fica por fazer
é sempre mais do que se faz.
Ninguém há-de ser capaz
de se entender
se pensa que tudo fez
de vez.

O que dizemos ou fazemos
é sempre de menos.

(2006)

domingo, setembro 03, 2006

O lugar e o espelho











Foto TL, 2006

O meu lugar agora é onde estou
porque eu não sou
de lugar nenhum.
Olho-me ao espelho e não me reconheço:
sou apenas mais um
foragido daquilo que estremeço.

Houve um tempo em que eu era
do lugar donde viera
e o espelho dava-me um rosto
isento de euforia ou de desgosto.

Mas depois tudo mudou
e o meu lugar passou a ser
o lugar onde estou
sem o rosto que o espelho
deixou de me devolver.

(2006)