sexta-feira, julho 16, 2010

Eu hei-de voltar

Entretanto, adeus, até ao meu regresso!

quarta-feira, julho 14, 2010

Olhando o Tejo

Estar só é ter morrido
sem dar por isso
porque viver é compromisso
e apenas faz sentido
se virmos nos demais
os elos naturais.

A não ser entrega,
a vida, fútil e pequena,
a si mesma se nega
e não vale a pena.

segunda-feira, julho 12, 2010

Presença

Rua de Santa Justa

Não pertencia ao mundo dos mortais,
vinha decerto de outro planeta
e, vencendo os espaços siderais,
chegara ao meu reduto de poeta.

Tinha o rosto que os deuses dão a quem,
por muito amarem, levam cedo
e os seus olhos guardavam um segredo
que não era de ninguém.

Mas, como veio, partiu, deixando-me
uma lembrança tão persistente
que os anos passam e é como se
continuasse presente.

quinta-feira, julho 08, 2010

De repente

Ruínas do Convento do Carmo
Não te distraias porque de repente
o mundo muda sem que dês por nada
e onde era suposta a madrugada
podes achar, teimosa e persistente,
a noite mais cerrada e inimiga.
Mas por favor não estranhes que te diga
também que, por detrás da noite escura,
se esconde às vezes a mais luminosa
das manhãs, que nenhuma criatura
sabe como ignorar ou sequer ousa.

segunda-feira, julho 05, 2010

Paixão de Lisboa

Terreiro do Paço

Se não fosse esta luz, tu não serias
Lisboa mas o eco de outro nome
feito de letras tristes e sombrias
como são as da peste e as da fome.

Se não fosse este Tejo, não te verias
luminosa no espelho e o teu rosto
cansado e baço de todos os dias
seria a mera imagem do desgosto.

Mas, Lisboa, tu és a claridade
que se dispara contra a solidão
e por isso o teu nome de cidade
é o meu modo de dizer paixão.

quinta-feira, julho 01, 2010

Sobre o amor

Viela no Castelo
Amor é processo lento,
não surge à primeira vista,
e está errado quem pensa
que não exige sofrimento,
horas de luta e conquista,
desprendimento e pertença,
tudo somado ou à vez,
com muitos laços, senões,
fartas dúvidas, porquês,
nós cegos, desilusões.
Mas também é alegria,
ternura desmesurada
e, que conste, não há nada
mais digno de ser poesia.