Fogueira
Cais da Ribeira
Corpo que rasga a noite e vai deixandoatrás de si a luz da madrugada,
assim te desenhei em sonhos, quando
além dos sonhos não havia nada.
Fogueira que recusa o lume brando
das convenções e afronta a encruzilhada
dos dias, tal um anjo iluminando
tudo em redor ao brilho de uma espada,
eis como te quis ver, antes que fosses
um rosto e sobretudo um coração,
uns olhos claros e uns lábios doces
e eu me perdesse em ti como se não
houvesse mundo além do que te trouxe
à minha inebriante perdição.