segunda-feira, setembro 21, 2009
quinta-feira, setembro 17, 2009
Outro dia
Acrílico sobre tela / TL, 2003
Quando era um búzio o meu coração,
muitas vezes senti colado ao peito
o teu ouvido à escuta da canção
que, nesse tempo mais do que perfeito,
eu disparava contra a solidão.
Ainda agora, uma guitarra ao longe
convida ao fado, a velha melodia,
mas eu recuso o hábito de monge
e parto à descoberta de outro dia.
Quando era um búzio o meu coração,
muitas vezes senti colado ao peito
o teu ouvido à escuta da canção
que, nesse tempo mais do que perfeito,
eu disparava contra a solidão.
Ainda agora, uma guitarra ao longe
convida ao fado, a velha melodia,
mas eu recuso o hábito de monge
e parto à descoberta de outro dia.
segunda-feira, setembro 14, 2009
quinta-feira, setembro 10, 2009
Perfeição
Senhora da Rocha / Foto TL, 2007
Trazia os olhos bêbedos de mar
e nos cabelos, que o vento alongava,
luziam raios de sol e de luar
que qualquer deus estranho combinava.
Tinha a beleza feita de mistério
dos seres que a perfeição torna irreais
e o seu andar sereno, quase etéreo,
não pertencia ao mundo dos mortais.
Por isso me prendeu e nos prendemos,
sem temer que algum dia fosse amargo
o destino do frágil barco a remos
em que, a correr, nos fizemos ao largo.
e nos cabelos, que o vento alongava,
luziam raios de sol e de luar
que qualquer deus estranho combinava.
Tinha a beleza feita de mistério
dos seres que a perfeição torna irreais
e o seu andar sereno, quase etéreo,
não pertencia ao mundo dos mortais.
Por isso me prendeu e nos prendemos,
sem temer que algum dia fosse amargo
o destino do frágil barco a remos
em que, a correr, nos fizemos ao largo.
segunda-feira, setembro 07, 2009
O medo
Largo do Rato / Foto TL, 2009
O mais que podemos é gerir o medo
que nos assalta desde cedo
e não pára de crescer:
tudo aquilo que fazemos
visa evitar o que tememos
que venha a suceder.
Há o medo da dor
que se guarda em segredo
e também do desamor
que dá lugar ao enredo,
mas de todos o maior
é o medo de ter medo.
O mais que podemos é gerir o medo
que nos assalta desde cedo
e não pára de crescer:
tudo aquilo que fazemos
visa evitar o que tememos
que venha a suceder.
Há o medo da dor
que se guarda em segredo
e também do desamor
que dá lugar ao enredo,
mas de todos o maior
é o medo de ter medo.
sexta-feira, setembro 04, 2009
Poluição verbal
Rua de São Bento / Foto TL, 2009
Não sou disto nem quero pertencer
ao lamaçal circundante.
Eu vim de outro planeta e o importante
para mim é saber
resistir à enxurrada
de palavras que a todo o momento
nos bombardeiam e não trazem nada
a não ser mais pobreza e sofrimento.
Por isso digo não aos vendedores
de banha da cobra pestilenta
que, por salas e corredores,
nos prometem aplacar as dores,
mas tão-só nos oferecem morte lenta.
ao lamaçal circundante.
Eu vim de outro planeta e o importante
para mim é saber
resistir à enxurrada
de palavras que a todo o momento
nos bombardeiam e não trazem nada
a não ser mais pobreza e sofrimento.
Por isso digo não aos vendedores
de banha da cobra pestilenta
que, por salas e corredores,
nos prometem aplacar as dores,
mas tão-só nos oferecem morte lenta.