segunda-feira, abril 30, 2007
quinta-feira, abril 26, 2007
Como se fosse possível
Acrílico sobre tela
Torquato da Luz, 2003
Como se fosse possível
ignorar a paisagem do seu rosto
à luz intensa da manhã.
Como se houvesse imagem
que iguale a do seu corpo
recortado contra o mar.
Como se outro perfume
pairasse para além
do que derrama o seu cabelo.
Como se a sua voz
não fosse apenas música
e a sua boca o porto
único da minha boca.
Como se fosse possível
algum dia esquecer.
segunda-feira, abril 23, 2007
Reflexo
Acrílico sobre tela
Torquato da Luz, 2003
Olha bem os meus olhos e repara
como reflectem a luz dos teus.
Quando nos conhecemos
tudo o que até aí fora escuro e incerto
de súbito iluminou-se
e os meus olhos ficaram espelhos.
Tu surgiste das ondas e o dia
ganhou sol e futuro
e eu lentamente destrancei as algas
que trazias enleadas nos cabelos.
E só sei que desde então
nunca mais houve noite para nós.
quinta-feira, abril 19, 2007
Palavras interditas
Acrílico sobre tela
Torquato da Luz, 2006
Não ouças o que eu digo, não dês voz
às palavras que à noite te murmuro.
São setas de arremesso contra o muro
de silêncio que erguemos entre nós.
O que tenho a dizer-te está além
de tudo o que te digo e o que sinto.
Por muito que te minta (e eu não minto)
são coisas que não digo a mais ninguém.
Porque sobre as palavras que te digo
voa o pássaro azul dos sentimentos
que não sei transmitir, mas trago dentro
de mim quando me encontro a sós contigo
e ignoro as palavras interditas
que diriam o amor com que me fitas.
às palavras que à noite te murmuro.
São setas de arremesso contra o muro
de silêncio que erguemos entre nós.
O que tenho a dizer-te está além
de tudo o que te digo e o que sinto.
Por muito que te minta (e eu não minto)
são coisas que não digo a mais ninguém.
Porque sobre as palavras que te digo
voa o pássaro azul dos sentimentos
que não sei transmitir, mas trago dentro
de mim quando me encontro a sós contigo
e ignoro as palavras interditas
que diriam o amor com que me fitas.
segunda-feira, abril 16, 2007
Mil vezes
Acrílico sobre tela (pormenor)
Torquato da Luz, 2007
Mil vezes te achei e mil vezes te perdi
para te achar de novo.
De cada vez que nos deixamos
sempre à minha dor sobrevém
a busca incessante de quem tome o teu lugar.
E no entanto és sempre tu que voltas
sob novo disfarce
e me embebedas do riso desse olhar
como não há outro no mundo.
quarta-feira, abril 11, 2007
Sentido
Travessa do Jasmim
Foto TL
Seria bom que a vida
fizesse algum sentido
e não fosse só esta corrida
rumo ao desconhecido.
A gente nasce e morre sem saber
o que veio cá fazer,
mas não devia ser assim.
Devia haver um programa
com princípio e fim
em que, sem qualquer drama
ou frenesim,
cada um, como num mapa,
lesse o sentido que lhe escapa.
fizesse algum sentido
e não fosse só esta corrida
rumo ao desconhecido.
A gente nasce e morre sem saber
o que veio cá fazer,
mas não devia ser assim.
Devia haver um programa
com princípio e fim
em que, sem qualquer drama
ou frenesim,
cada um, como num mapa,
lesse o sentido que lhe escapa.