segunda-feira, dezembro 31, 2007
quarta-feira, dezembro 26, 2007
Post-Natal
Foto TL
Foi tempo de ser bom, de desejar
que toda a gente em volta
fosse saudável, próspera, feliz.
Foi tempo de esquecer, de perdoar
e de dar rédea solta
à ternura que de uso não se diz.
Mas eis que já regressa
à desfilada, a toda a pressa,
o tempo habitual.
O tempo de ter guardada
a máscara que há-de ser usada
no próximo Natal.
segunda-feira, dezembro 17, 2007
Outra vez Natal
Foto TL
Por muito que renasças e redigas
tudo quanto disseste há dois mil anos,
por muito que, por cima das intrigas,
das falsidades e dos desenganos,
a tua voz de novo se levante
e fira os vendilhões e os tiranos,
por muito que, outra vez, o galo cante,
anunciando a luz de mais um dia,
o presépio que o mundo te há-de dar
esconderá sempre, implacável e fria,
a cruz em que te vai crucificar.
tudo quanto disseste há dois mil anos,
por muito que, por cima das intrigas,
das falsidades e dos desenganos,
a tua voz de novo se levante
e fira os vendilhões e os tiranos,
por muito que, outra vez, o galo cante,
anunciando a luz de mais um dia,
o presépio que o mundo te há-de dar
esconderá sempre, implacável e fria,
a cruz em que te vai crucificar.
quinta-feira, dezembro 13, 2007
Espelho
Foto TL
Quando te vires ao espelho e não gostares,
evita culpar o espelho.
Por mais que procurares
- coisa que não te aconselho -,
não há-de ser por aí
que encontrarás
a razão que te faz
desgostar de ti.
A imagem fiel não é aquela
que o espelho oferece
mas uma outra, singela,
que, no entanto, revela
muito mais do que parece.
É a que, sem correcção,
sai do próprio coração
e, uma vez desfocada,
não pode dar-nos mais nada
que não seja solidão.
segunda-feira, dezembro 10, 2007
Lisboa sempre
Foto TL
Cidade onde me perco e que me perde
para logo me encontrar,
cidade que estremeço e que me cede
tudo o que tem para dar.
Cidade de que fiz o meu lugar
de amor, que não se mede
nem é possível imitar.
Cidade a que me dei e se me deu
como se dão os jovens, sem cuidar
de outra coisa que não a mútua entrega.
Cidade desenhada para o meu
infindável desejo de a amar,
a que nunca se nega.
Cidade cuja alma me pertence
depois de o corpo me oferecer
e a toda a hora me convence
de que jamais havemos de morrer.
para logo me encontrar,
cidade que estremeço e que me cede
tudo o que tem para dar.
Cidade de que fiz o meu lugar
de amor, que não se mede
nem é possível imitar.
Cidade a que me dei e se me deu
como se dão os jovens, sem cuidar
de outra coisa que não a mútua entrega.
Cidade desenhada para o meu
infindável desejo de a amar,
a que nunca se nega.
Cidade cuja alma me pertence
depois de o corpo me oferecer
e a toda a hora me convence
de que jamais havemos de morrer.
quinta-feira, dezembro 06, 2007
A cimeira
Foto TL
Ao Pedro Correia, do "Corta-Fitas"
Pobre Lisboa que por estes dias
acolhes tanto déspota e tirano,
fecha os olhos e ignora as fantasias
do poder corrompido e desumano.
Não queiras ser comparsa das orgias
de um carnaval como há muito não vias
e, em vez de tempo ameno e soalheiro,
atira-lhes à cara o nevoeiro.
segunda-feira, dezembro 03, 2007
O silêncio do medo
Foto TL
Repugna-me o silêncio dos cobardes,
os que vivem no medo das palavras
e entre si e o mundo erguem um muro
atrás do qual supõem desenhar
uma imagem certa para o futuro.
Antes o alarido dos que não hesitam
em partilhar sem peias nem temores
as alegrias, dúvidas e dores
que a todos nos habitam.
Só estes justificam o planeta
feito de sombras, mas também cores,
em que se move o poeta.
os que vivem no medo das palavras
e entre si e o mundo erguem um muro
atrás do qual supõem desenhar
uma imagem certa para o futuro.
Antes o alarido dos que não hesitam
em partilhar sem peias nem temores
as alegrias, dúvidas e dores
que a todos nos habitam.
Só estes justificam o planeta
feito de sombras, mas também cores,
em que se move o poeta.