Quando tudo me pesa, quando a noite
nunca mais é manhã e a frieza
me entra no quarto e vem colar-se
à minha pele, aos músculos, aos ossos,
quando me sinto à beira do naufrágio
e não há salva-vidas, bóia, bote
à vista a que me agarrar,
quando tropeço e já me assalta o medo
de nunca mais me levantar,
eis que te vejo e chega a madrugada,
não há mais frio nem me é adverso o mar
e sigo em frente sem temer mais nada.
(2006)